sábado, 2 de outubro de 2010
Centenário da República
Será que os portugueses sentem a República?
A República foi fundada por um bando de gente de várias proveniências mas, especialmente, das classes médias urbanas de Lisboa: comerciantes, farmacêuticos, caixeiros, enfim, muitas pessoas que se deslocaram para a cintura urbana de Lisboa, à procura de melhor vida e que foram liderados por advogados e médicos como Afonso Costa, António José de Almeida, Manuel de Arriaga ou Machado Santos. Há alguma violência em todo este processo porque a República foi implantada com a ajuda de uma organização secreta que dispunha de armas e de alguma preparação militar: a Carbonária. Por detrás da fundação da República está uma Monarquia falhada, sem ideias, com um rei fraco, magoado pelo Regicídio e rodeado de intriguistas sedentos de mordomias e poder. Em meu modesto entender a República nasceu por demérito da Monarquia porque Portugal não sentiu a República que foi declarada por decreto em todo o país.
Não sei se os portugueses sentem ou não a República mas pelas trapalhadas que a República tem vivido, penso que a única coisa a salientar é o facto de podermos eleger o Presidente da República porque, para além disso os outros regimes democráticos também nos proporcionam o que a nossa República nos dá. Portugal não vive em Liberdade, Igualdade e Fraternidade como sonharam os primeiros inspiradores da república. Os portugueses, povo pacífico, tradicionalista, conservador, um pouco bonacheirão até, está-se nas tintas para o regime desde que quem lá está governe bem. A nossa política actual pouco mudou visto vivermos uma espécie de rotativismo onde os dois grandes partidos gravitam em torno do poder com o Presidente a arbitrar o jogo. Se agora temos PS e PSD, na Monarquia Constitucional tínhamos Regeneradores e Progressistas com pequenos partidos barulhentos que eram chamados ao poder para compor o ramalhete, quando era necessário, tal como na actualidade, em circunstâncias em que uma maioria parlamentar o exige.
A República é uma senhora com cem anos que merecia mais respeito e consideração. Já que a temos entre nós, quer gostemos ou não dela, deveríamos protegê-la e honrá-la.
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