quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Os filhos dos barões e do aparelho
Será que se fez o 25 de Abril para isto?
O que diria Francisco Sá Carneiro ao estado a que isto chegou?
Hoje quero fazer-vos um desafio.
Olhem com atenção para as bancadas do nosso Parlamento e digam-me o que vêm. Por acaso vêm políticos de craveira inquestionável com muitos anos de tarimba política? Verão individualidades acima de qualquer mácula, convictas da sua ideologia e defensoras de um rumo sólido? Não, caros amigos, vêm um conjunto de gente nova, de estranhos, de rostos que nada nos dizem, com que não nos identificamos. Vêm os novatos, filhos dos barões, que vão incluídos no pacote político das negociações distritais dos aparelhos partidários. Vêm advogados e empresários, de ouvido atento às oportunidades e negociatas, que estão lá para arrastar casos e negócios para as suas empresas e escritórios. Vêm “prostitutos políticos” que saltam de partido em partido, colocando-se a jeito para o que mais lhes convém.
Nada me move contra a juventude desde que competente. Nada me move contra os políticos que servem a causa pública com honestidade e clareza. Mas, caros amigos, será que ter Menezes ou Amaral Dias, ou Loureiro, ou outros apelidos pomposos no sobrenome já é garantia de qualidade e rectidão? Será que ter trinta e poucos anos e ser filho do senhor “fulano tal” já é suficiente para ser vice de uma bancada parlamentar?
Bem mas o que esperaríamos nós de uma classe política onde se ostentam licenciaturas duvidosas ou se arranja um canudo com trinta e sete anos? Que poderíamos esperar nós de um meio político onde os de qualidade fogem das responsabilidades preferindo liderar grandes empresas ou “botar faladura” nos diferentes canais de televisão? E os outros, os medíocres, descem às profundezas nos submarinos, perscrutam os subsolos dos parques da “Braga”, sujam as mãos na sucata ou fazem exames ao domingo depois da missa, à sombra de um sobreiro de uma famosa herdade onde ganham energias para compras vespertinas num free centro comercial qualquer!
Pacientes leitores, para além dos tradicionais votos de festas felizes e prosperidades para o ano novo que aí vem, votos muito importantes nesta época que todos trocamos uns com os outros, venho listar aqui um conjunto de desejos que, certamente, nos trariam uma felicidade colectiva.
Que em 2012 a massa silenciosa da população portuguesa se faça ouvir cada vez mais, de forma ordeira e civilizada mas incisiva e eficaz, para que quem nos governa compreenda de uma vez por todas que tem contas a prestar.
Que termine a imunidade política e se criminalize a actividade política.
Que se reduzam os cargos políticos mas que os futuros governantes sejam bons, bem pagos e impedidos de acumular funções noutras actividades.
Que se conceda importância eleitoral efectiva aos votos brancos e nulos pois se alguém vai votar e inutiliza ou deixa o seu voto em branco deve ser respeitado pois com o seu acto está a passar uma mensagem, expressar uma vontade. Portanto, talvez se alguns lugares começarem a ficar por preencher em consequência dos votos brancos e nulos, quem sabe se os políticos não começam a atinar.
Que a abstenção tenha uma expressão eficaz para que os políticos, depois da noite eleitoral onde mostram semblantes carregados, deixem de continuar a assobiar para o lado. Imaginem que umas eleições eram anuladas devido a uma elevada taxa de abstenção? Talvez aí se fizesse alguma coisa pela nossa democracia que anda tão adoentada.
Que terminem os ciclos eleitorais e que qualquer pessoa com perfil adequado se possa candidatar, como independente, apartidário, aos órgãos de soberania.
Amigos, deixo estes meus votos para dois mil e doze e para os anos seguintes, votos que nem o PCP ou bloco podem ouvir falar porque nem a eles lhes interessa. E já agora, se não têm malta competente para sentar na assembleia, façam como o ex primeiro-ministro de Itália e sentem lá umas miúdas giras, pelo menos vamos treinando o nervo óptico!
Festas felizes para todos menos para os governantes corruptos, trapaceiros e oportunistas!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário