quarta-feira, 16 de maio de 2012
Mais um verão quente está para chegar
Nos últimos dias o governo anunciou o dispositivo de combate a incêndios que vai estar disponível na fase “bravo”, a fase mais sensível e perigosa que coincide com os meses de maior estio. E parece que este verão vai ser mesmo quente!
Quase dois mil homens e mulheres que vão colocar a sua energia e a sua vida em risco, centenas de viaturas, dezenas de meios aéreos e está tudo pronto para começar o “espetáculo” dos incêndios nos horários nobres das televisões.
E tudo isto porque? Porque não há uma política estruturada e pensada a longo prazo de prevenção, porque não há uma valorização dos nossos recursos florestais.
Qualquer leigo no assunto sabe como se previne este flagelo anual que se repete há décadas. Não é necessário ser especialista para se defender que os fogos se combatem quando estão no começo. Mas o ideal seria nem sequer haver ignição.
Ficam algumas ideias exequíveis no imediato e a médio prazo que rapidamente dariam os seus frutos. Vá-se lá saber por que razão as coisas não mudam. Permitam-me a falta ingenuidade mas até parece que há interessado em ver Portugal a arder. Porque não colocamos as nossas forças armadas a proteger e vigiar as nossas florestas? O que estão a fazer esses efetivos nos quarteis? Porque não tornamos produtivos os milhares de portugueses que recebem o rendimento social de inserção? Há muitas matas do estado para limpar e com um incentivo extra, acrescentado ao seu rendimento, poderíamos colocar muitos homens e mulheres ao serviço da sociedade. Porque não distribuir, a título de empréstimo, as matas públicas por quem as quiser aproveitar rentabilizando assim os seus recursos? A nossa floresta constitui uma riqueza coletiva e temos que pensar seriamente na questão da biomassa criando centros de recolha e transformação espalhados pelo pais para rentabilizar aquilo que dá tanto que fazer aos bombeiros porque cresce sem qualquer controlo. Está na altura de fazer um cadastro nacional das propriedades florestais para que se possa castigar aqueles proprietários que não cuidam daquilo que é seu.
Estas medidas custam dinheiro mas, estou em crer, os custos são inferiores do que os gastos com o combate aos incêndios. Para além das questões económicas existem outras sem preço: tornamos as nossas florestas mais vivas e úteis, geramos riqueza partindo de um recurso que é só nosso, protegemos os eco sistemas e tornamos úteis setores da sociedade que, infelizmente, se tornaram num peso morto social.
Se muitos dizem que não descobri a pólvora, se não há aqui nada de novo, então porque não se mudam as coisas para que Portugal saia deste inferno com data marcada?
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